Craniossinostose: tudo o que você precisa saber.
- Dr Pedro Paulo Mello
- 3 de ago.
- 3 min de leitura
Introdução
Ao contrário do que muita gente pensa, nossas cabeças são formadas por vários ossos. Quando estávamos na barriga da mãe, nossos ossos da cabeça eram soltos. Com isso, um osso poderia encaixar sobre o outro e facilitar a passagem pelo canal de parto.
Depois do parto, com o passar dos dias, os ossos vão se posicionando para formar a cabeça mais esférica/ovalada. Os ossos do crânio não serem colados também permite o crescimento da cabeça. Então, ao longo dos meses, os ossos alinham-se, unem-se e formam a estrutura fixa que conhecemos como crânio.
Cada osso tem um tempo aproximado para "colar" no outro. Caso eles colem antes do tempo, surgem as craniossinostoses.
As craniossinostoses (ou cranioestenoses) são alterações do formato da cabeça causadas por fechamento precoce de uma ou mais suturas. Dependendo da sutura que é fechada precocemente a craniossinostose recebe um nome específico.
Quais são os tipos de craniossinostose?
A mais comum das craniossinostoses é a escafocefalia (cerca de 50% das craniossinostoses), que é o fechamento precoce da sutura sagital. O achado característico é o aumento do diâmetro anteroposterior da cabeça.
Para saber mais sobre a escafocefalia, clique aqui.


A plagiocefalia anterior é o fechamento prematuro da sutura coronal unilateral e evolui com um lado da testa anteriorizado em relação ao outro, além de elevação unilateral da sobrancelha.
Cuidado: não confunda com plagiocefalia posicional.
Para saber mais sobre a plagiocefalia anterior, clique aqui. Para saber mais sobre a plagiocefalia posicional, clique aqui.
A braquicefalia é causada pelo fechamento precoce bilateral da sutura coronal e o principal achado físico é o encurtamento antero posterior da cabeça.
Deixei aqui o link para quem tem interesse em conhecer mais sobre a braquicefalia.


A trigonocefalia é causada pelo fechamento prematuro da sutura metópica e cursa com o formato de testa triangular.
Se quiser saber mais sobre trigonocefalia, acesse este link.
Qual o tratamento para craniossinostose?
Geralmente o tratamento da caniosnostose é a cirurgia.
A cirurgia pode ser pela técnica endoscópica ou pela técnica aberta. Cada uma das técnicas tem vantagens e desvantagens e isso é considerado na hora do planejamento cirúrgico.
A técnica endoscópica pode ser indicada em pacientes menores e mais novos. Ela utiliza cortes menores na pele e geralmente causa menor sangramento. No entanto, uma desvantagem é que exige o uso de capacete no pós operatório por longo período para poder alcançar um remodelamento satisfatório.
A técnica aberta é opção para a maioria dos pacientes. Ela é realizada após o paciente alcançar um peso razoável para tolerar melhor a cirurgia. A grande vantagem é que o remodelamento craniano é alcançado mais rapidamente e sem a necessidade do uso de capacete.
Existem estudos que comparam o resultado a médio/longo prazo da técnica endoscópica e da aberta. Eles sugerem que não há diferença significativa para o resultado (estético e de desenvolvimento) entre as duas técnicas. 1,2,3
Clique no link para saber mais sobre a técnica aberta e a técnica endoscópica.
Referências
1 - MAGGE, Suresh N.; FOTOUHI, Annahita R.; ALLHUSEN, Virginia; COLLETT, Brent R.; SKOLNICK, Gary B.; NAIDOO, Sybill D.; SMYTH, Matthew D.; KEATING, Robert F.; VYAS, Raj; ROGERS, Gary F.. Cognitive Outcomes of Children With Sagittal Craniosynostosis Treated With Either Endoscopic or Open Calvarial Vault Surgery. Jama Network Open, [S.L.], v. 7, n. 4, p. 1-14, 29 abr. 2024. American Medical Association (AMA). http://dx.doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2024.8762.
2 - Proctor MR. Endoscopic craniosynostosis repair. Transl Pediatr. 2014 Jul;3(3):247-58. doi: 10.3978/j.issn.2224-4336.2014.07.03. PMID: 26835342; PMCID: PMC4729850.
3 - AL-SHAQSI, Sultan Z.; LAM, Nicole Wing; FORREST, Christopher R.; PHILLIPS, John H.. Endoscopic Versus Open Total Vault Reconstruction of Sagittal Craniosynostosis. Journal Of Craniofacial Surgery, [S.L.], v. 32, n. 3, p. 915-919, 3 dez. 2020. Ovid Technologies (Wolters Kluwer Health). http://dx.doi.org/10.1097/scs.0000000000007307.


Comentários